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PLURAL: os textos de Marcio Felipe Medeiros e Nara Suzana Stainr

Ceticismo desorganizado
Marcio Felipe Medeiros
Sociólogo e professor universitário

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Vivemos na época em que apropriações científicas viraram algo comum, mas poucos tem alguma ideia do que estão falando. Como a utilização indevida do termo quântico, moléculas programáveis e coisas do gênero, que são utilizadas de qualquer modo seguindo princípios, muitas vezes, bizarros para qualquer um que estude a ciência. Contudo, tanto o uso descabido da ciência como as teorias conspiratórias delirantes partem de um princípio bastante preocupante, que é um ceticismo radical. 

O ceticismo radical parte da ideia de que tudo pode ser questionado já que foi construído pelo homem. Além disso, não existe parâmetro algum de crítica, qualquer coisa pode ser inquirida a partir de qualquer lógica argumentativa: pode-se duvidar a vacina, partindo de um vídeo de uma pessoa que não tem formação alguma na área; pode-se contestar a teoria da relatividade, sem, nem ao menos, ter a menor noção do que ela significa. 

COMO FUNCIONA O CETICISMO POLÍTICO

Dentro do universo científico, qualquer postulado pode ser questionado, entretanto, a crítica não pode ocorrer de qualquer modo. Para realizá-la, é preciso, em primeiro lugar, entender profundamente aquilo que está sendo criticado. Quando se coloca em dúvida uma teoria, por exemplo, é preciso entender como ela foi construída, quais evidências a sustentam e qual a sua aplicabilidade antes de produzir uma refutação. O ceticismo existe dentro do universo científico, mas ele precisa ser organizado, fundamentado e ponderado.

INÚMEROS PROBLEMAS FORMATIVOS

É bastante assustador, na sociedade atual, a falta de compreensão sobre o modo de funcionamento da ciência. Podemos verificar que, em sentido generalizado, pessoas (sem ou com formação superior), não sabem como funciona o método científico. A sociedade brasileira carece do esclarecimento sobre o que um cientista faz, como ele trabalha e como são formadas as suas "descobertas". Sem uma compreensão mínima, abrimos espaço para a crítica selvagem, irracional da ciência. Pode parecer para alguns que isso não tem consequências, mas tem. Existem inúmeras pessoas vendendo "soluções mágicas" tirando proveito do desconhecimento científico das pessoas. 

Saber sobre ciência é uma questão de cidadania, pois emancipa o indivíduo de aproveitadores, da autonomia cognitiva e possibilita compreender melhor o mundo que o circunda. Países que saíram de sua condição de subdesenvolvimento no passado, como é o caso do Japão e atualmente a Coréia do Sul, conseguiram com investimento massivo em educação e conscientização de sua população sobre a importância do papel da ciência. Talvez, devêssemos olhar como nação com mais cuidado para esses exemplos.

Sobre o Natal
Nara Suzana Stainr
Doutora em Direito

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Para iniciar esse texto de hoje, pensei muito em como fazê-lo, pois falar em Natal provoca muitos sentimentos, e esses podem ser diferenciados de uma pessoa para outra, sim porque pode variar, sendo para alguns lembranças extremamente positivas, para outros aquelas mais saudosistas, e para outros, às vezes, negativas.

Para mim, Natal sempre foi motivo de alegria, mas vou compartilhar uma curiosidade sobre minha infância. Como fui criada em família mais humilde, meu avô não deixava montar árvore de Natal e presentes, para ele era puro consumismo, o que me deixava um pouco frustrada, pois via os vizinhos se movimentando e, na visão de criança, as árvores eram lindas.

Assim, logo que cresci e tive a minha própria casa, ah, a primeira atitude, com relação a essa época do ano, foi montar uma árvore de Natal, e fazem exatamente 34 anos que ela existe em minha família. Todos os anos, montada de cores diversas e com todo entusiasmo.

Claro! Para mim, esta lembrança é positiva. Junto a isso, vem a questão social. No Natal, todos ficam mais reflexivos, mais humanos, mais solidários, talvez, pelo espírito que invade os sentimentos mais profundos das pessoas. A simbologia do Natal para os cristãos é "dar início" e representa o nascimento de Jesus Cristo e o cultivo da fraternidade, união e amor.

Mas o que se percebe é que a época tem representado, talvez pelo vazio sentimental cada vez mais aparente nas famílias de hoje, que, neste momento, tudo se volta para uma contemplação ao material. Lembra do posicionamento de meu avô: consumismo.

Sinto que pensar, falar e viver o Natal, é logo lembrar o sinônimo de família. E é justamente aqui que as transformações acontecem.

Apesar de todo tumulto, de crises, pandemia, esse é o momento em que famílias que, mesmo separadas pela distância e correria do dia a dia, se encorajam e reúnem esforços para se encontrar, na noite de Natal e, celebrarem, de fato, o que a data representa: espiritualidade, amizade, união, fraternidade e amor.

Ainda pecamos quanto a essa realidade. No planeta, há muitas pessoas desamparadas, sem família, sem condições de um Natal digno. Por isso, minha reflexão é no sentido de que você possa fazer uma pequena parte para com o próximo, independentemente de valor, de materialidade. Falo de boa ação. Como somos um povo muito criativo, com certeza, saberemos o que fazer. Feliz Natal para você e sua família!

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